O declínio físico e mental de Elvis Presley
Esse pôster promocional para Elvis on Tour mostra Elvis Presley antes de seu declínio físico se tornar aparente
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As intermináveis turnês e os noivados de Las Vegas exerceram influência no declínio físico e espiritual de Elvis Presley assim como sua dependência em uma variedade de drogas prescritas.
Suas opressivas apresentações e sua dependência química estavam ligadas, pelo menos na mente de Elvis. Ele alegava que precisava das drogas para manter a energia no palco e de drogas para dormir após suas apresentações, mas algumas das drogas prescritas que chegavam às sua mãos não eram destinadas para esses propósitos. Certa vez, durante a década de 70, o uso excessivo das drogas consumidas por Elvis evoluiu para um nível de abuso assustador.
Além disso, o lançamento discográfico de Elvis durante a década de 1970 foi extenso, tornando sua agenda de gravações tão extenuante quanto suas turnês de shows. Anualmente, a RCA lançava de três a quatro álbuns de estúdio, de um a dois álbuns ao vivo e vários singles.
Existe um conceito errado de que Elvis foi preguiçoso durante a década de 70, que ele se recolhia dentro de Graceland por longos períodos e fazia muito pouco. Porém, com base em suas agendas de turnês e gravações, isso é claramente uma mentira. O problema não era inatividade: era uma agenda extenuante de rotinas repetidas, a monotonia da estrada, e um coração repleto de decepções pessoais.
Pessoalmente deprimido e sem desafios profissionais, Elvis sentia-se enfadado e insatisfeito. Até 1976, ninguém conseguia colocar Elvis Presley dentro de um estúdio de gravação apesar de suas obrigações contratuais. Todo entusiasmo que ele tinha anteriormente pelas gravações foi perdido na metade da década de 1970. Se isso ocorreu devido ao resultado final de uma espiral descendente ou porque ele achava que as drogas haviam afetado o alcance de sua voz, não se sabe.
Para acalmar Elvis e facilitar o processo de gravação, a RCA enviou seu caminhão de gravação para Graceland em fevereiro de 1976, para que o relutante cantor pudesse trabalhar no conforto de sua própria casa. Técnicos montaram um estúdio temporário na sala que ficava em um nível inferior da casa e era conhecida como Sala da Selva devido à sua decoração. Eles resolveram alguns problemas técnicos, mas entre essa gravação e a outra gravação em outubro de 1976, eles produziram dois álbuns: From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee e Moody Blue. A gravação de outubro, que resultou em somente quatro faixas completas, foi o último esforço de gravação em estúdio.
Moody Blue, lançado em julho de 1977, consiste em faixas deixadas de lado gravadas em Graceland em 1976, três músicas ao vivo de apresentações de shows em abril de 1977, e uma faixa reduzida lançada anteriormente intitulada "Let Me Be There". Críticos e biógrafos negligenciaram ou criticaram o álbum devido à confusão de faixas que representava as tentativas desesperadas do produtor Felton Jarvis de reunir um álbum para cumprir a agenda da RCA. Apesar de não ser um marco em sua carreira, Moody Blue nos conta algo sobre Elvis Presley e por essa razão merece consideração e avaliação.
A seleção de músicas indica a natureza eclética das preferências de Elvis, enquanto sua habilidade de reuni-las com consistência revela seu estilo. Desde o clássico country "He'll Have to Go" até a música popular "It's Easy for You", de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, Elvis une sons e gêneros de música díspares em um estilo que é grandioso, dramático e único para ele.
Se houve um denominador comum para a sua seleção de músicas durante os dois últimos anos de sua vida, foram as baladas melosas ou outras músicas de pesar e perda. Várias músicas desse tipo foram gravadas no período de sua separação e divórcio de Priscilla, mas essa preferência reapareceu à medida que sua vida pessoal e profissional continuavam a se deteriorar.
Se existe especulação quanto a se Elvis percebeu a extensão de seu declínio, a prova da autoconsciência não está em suas palavras ou façanhas, mas nas seleções musicais de seus últimos álbuns de estúdio. "He'll Have to Go", "She Thinks I Still Care" e o título "Moody Blue" de seu LP falam de casos de amor mal sucedidos, finais amargos e relacionamentos desesperançosos. Essas faixas não são grandes inovações musicais, nem mudaram o curso da história da música, mas suas relevâncias autobiográficas às circunstâncias de Elvis as incluíram nesse álbum melancólico (lançado um mês antes de sua morte).
Moody Blue, alcançou a 3ª posição na lista dos mais vendidos da Billboard e permaneceu na lista por 31 semanas. Esse álbum recebeu um disco de platina em 1º de setembro de 1977. A impressão original de Moody Blue produziu 200 mil cópias em vinil azul transparente. Vinis verde, vermelho e dourado foram experimentados, mas rapidamente descartados em prol do azul (uma escolha óbvia considerando-se o título do álbum). Após a impressão inicial se esgotar, a RCA optou pelo vinil preto comum para a próxima impressão, mas posteriormente eles voltaram ao azul. Os fãs se referem a esse álbum como o "Álbum Azul", o que pareceu apropriado não somente por sua cor, mas também pelo estado de espírito de Elvis.
As razões, fontes e explicações para os problemas, distúrbios e comportamento de Elvis foram discutidas, menosprezadas, interpretadas e exageradas por décadas, geralmente por aqueles que tinham suas próprias agendas e motivações pessoais. Enquanto separar as explicações plausíveis das acusações iradas possa ser difícil, um traço comum entre eles é o isolamento de Elvis do mundo exterior, o que resultou em um estilo de vida nada convencional.
Quando Elvis iniciou sua carreira, ele permitia que seus fãs tivessem acesso sem precedentes a ele e sua família. Os fãs o seguiam e o visitavam no conforto de sua casa. À medida que o tempo passou, os fãs se tornaram algo muito grande para ele lidar. Ele estava desestimulado, deprimido e, às vezes, cercado por multidões de "admiradores-adoradores".
Elvis não podia passear, comer em um restaurante, ou se divertir em público sem que seus fãs o assediassem. Quando Elvis foi dispensado do exército, ele começou a viver como um recluso. Ele se isolava em Graceland ou em sua casa na Califórnia. Esse isolamento, acumulado com seu aborrecimento quando ele estava entre projetos, acabou levando Elvis a ceder a hábitos destrutivos.
Esses maus hábitos se aceleraram durante a década de 1970 após ele retornar de um concerto e uma vida febril na estrada. Seu pior problema era, obviamente, sua dependência de medicamentos, que alterou seu comportamento e personalidade. De acordo com membros da Máfia de Memphis, um grupo formado por seus guarda-costas e amigos, Elvis começou a usar anfetaminas e pílulas para emagrecer na década de 1960. As drogas tinham o objetivo de ajudar Elvis a manter seu peso.
Para contrabalançar as anfetaminas, Elvis e sua corte, que cedia a qualquer coisa que Elvis estivesse fazendo, começaram a tomar pílulas para dormir. No início da década de 1970, quando ele estava fazendo um tour para cumprir uma agenda debilitante, Elvis estava tomando medicamentos para dor e desconforto causados por vários problemas e condições. Essas drogas acabaram levando Elvis a um estado de limbo mental. Os membros da Máfia de Memphis discordam sobre quantos medicamentos Elvis tomava, mas o fato que permanece é que ele tomou mais drogas do que o seu corpo podia agüentar.
O problema de Elvis com as drogas foi o resultado de medicamentos prescritos, alguns dois quais administrados para problemas de saúde. Ele tinha dores nas costas, problemas digestivos e problemas oculares, incluindo glaucoma. Os tratamentos para essas condições levaram Elvis ao hospital várias vezes entre 1973 e sua morte, quatro anos depois. Ele foi hospitalizado por engasgamentos, pleurisia e hipertensão. Ironicamente, Elvis raramente cedeu ao álcool e freqüentemente se pronunciava contra o uso de drogas ilegais.
Devido à sua saúde e posição, os hábitos alimentares de Elvis eram exagerados e eram os verdadeiros culpados por seu ganho de peso. Alguns escritores relataram que a quantidade de comida que Elvis consumia era excessiva. Eles contavam histórias exageradas sobre Elvis comendo tantos omeletes espanhóis que ele podia gerar uma falta de ovos no Tennessee. Às vezes, Elvis realmente se descontrolava com a comida, geralmente durante seu tempo livre entre projetos. Porém, as histórias sobre seus descontroles com alimentos como bacon, sorvete e pizza foram repetidas com tanta freqüência que eles deduziram que Elvis comia essa quantidade diariamente.
A maioria dos alimentos favoritos de Elvis eram pratos tipicamente sulistas que incorporam uma grande variedade de carnes fritas. Repórteres e colunistas de revistas que não estavam familiarizados com a alimentação sulista pensavam que os hábitos alimentares de Elvis eram peculiares, porém muitas pessoas no Sul apreciavam os mesmo alimentos que Elvis gostava de comer.
No início de 1955, quando ele tinha 20 anos e era considerado um promissor cantor de música country, artigos sobre o jovem cantor geralmente mencionavam que ele gostava de comer vários cheesebúrgueres de uma só vez. No final da década de 1960, um artigo da revista Esquire usou um tom sarcástico, porém despreocupado, quando descreveu o lanche favorito de Elvis de manteiga de amendoim e sanduíches de banana amassada com muita Pepsi. Elvis sempre teve esses hábitos alimentares, e a idade e a falta de exercícios tiveram muito mais a ver com seu ganho de peso do que qualquer outra coisa.
Elvis Presley adorava se vestir com roupas chamativas, cintos, anéis e outras jóias
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Nem todos os excessos de Elvis eram prejudiciais à sua saúde. Ele também gostava de colecionar e usar jóias exuberantes, o que talvez seja a extravagância que mais se adequava ao Rei. Durante a década de 1970, Elvis usou anéis em todos os dedos, tanto dentro quanto fora dos palcos. Ele também usou medalhões enormes, cintos dourados e braceletes de correntes. Sobre uma corrente de ouro ao redor de seu pescoço, Elvis usava uma Estrela de David assim como um crucifixo.
Ele também gostava de carregar bengalas adornadas com topos de prata ou ouro. Elvis comprava jóias caras não somente para si próprio mas também para a Máfia de Memphis, suas esposas e seus amigos de show business. Certa vez, ele deu um anel de US$ 30 mil para o artista Sammy Davis, Jr.
Entre os hábitos extravagantes de Elvis estava sua mania de comprar, particularmente carros, motorcicletas e outros veículos. Elvis teve um longo caso de amor com Cadillacs e comprou mais de 100 durante toda a sua vida, principalmente para si próprio, mas também para os membros de sua comitiva. Se ele comprava um carro novo, ele tendia a comprar um para o amigo ou membro da família que estivesse com ele no momento.
Mais tarde em sua vida, ele ficou conhecido por comprar carros para outros clientes que estavam na loja de carros no momento. Às vezes, ele comprava veículos para acalmar os rancores dos membros da Máfia de Memphis, que tendiam a se sentir desprezados e marginalizados, como crianças que brigam em um playground.
Elvis Presley também colecionava armas. Ele gastou milhares de dólares em armas e generosamente presenteava a Máfia de Memphis com armas caras. Durante a década de 70, ele carregou uma arma consigo durante muito tempo, em parte porque havia recebido várias ameaças de morte e seqüestro. Ele acreditava que assassinos buscavam glória e atenção da mídia quando tentavam matar uma pessoa famosa e que ele era um alvo tão provável quanto um presidente. Elvis portava armas no palco quando se apresentava, durante viagens em aviões e enquanto se hospedava em quartos de hotel.
Talvez mais do que suas armas, Elvis tinha orgulho de sua coleção de insígnias de polícia. Ele era fascinado pelo cumprimento da lei e colecionava insígnias de todo o país. As vedetes da coleção era uma insígnia do departamento federal de narcóticos e um conjunto completo de credenciais. Ele foi presenteado com elas pelo Presidente Richard Nixon em uma visita espontânea em dezembro de 1970. Elvis iniciou o encontro escrevendo uma carta de seis páginas a Nixon enquanto estava no avião rumando para Washington, D.C. As inúmeras vezes que ele portou uma arma no palco e as várias histórias sobre sua paixão pelo cumprimento da lei revelam uma vida além das limitações da norma.
Uma vida de isolamento do mundo exterior combinada com os privilégios de celebridade acabaram por levar Elvis à autodestruição. Ele levava uma vida reclusa dentro das paredes de Graceland, onde não havia ninguém com influência suficiente para interromper as indulgências do Rei.
Ainda, os hábitos sombrios de Elvis e seus caprichos autodestrutivos geralmente são exagerados a tal ponto que somente uma figura fantasiosa poderia ser excêntrico em proporções dessa magnitude. Talvez os padrões normais de medição são simples mas não adequados quando os excessos e feitos de Elvis Presley são descritos. Por todos os detalhes melancólicos que foram revelados após sua morte, uma parte da lenda que permanece imaculada é sua voz, que soa clara e verdadeira desde o dia no qual ele gravou "That's All Right", até o dia 26 de junho de 1977, o dia em que ele se apresentou pela última vez no Market Square Arena, em Indianápolis.
Após seu último show, Elvis Presley continuou a declinar nas suas próximas poucas semanas em Graceland. Ele morreu em 16 de agosto de 1977 sob circunstâncias questionáveis. Veja a próxima página para saber mais sobre a morte de Elvis Presley.
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